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Paisagens do Exílio. Partes 1 e 2
(exposição)



Paisagens do Exílio 1



















Paisagens do Exílio 2















fotografias Paulo Capelo Cardoso



Paisagens do exílio (parte um) trata não apenas de evocar e convocar o passado de um lugar (a casa), nos seus elementos integrantes (os quartos, as portas, a banheira, o seu jardim, a sua luz) para um encontro misterioso com o presente, mas também com um futuro que permanece como expectativa no sentido que é o de uma história (como que um certo passado nos olha secretamente aguardando uma resposta nossa).
Essa espécie de uma arqueologia da memória da casa, espaço esvaziado da presença humana ainda que habitada por fantasmas, torna-se um lugar de confronto e diálogo, de jogo, com as memórias de cada um.
É esse jogo poético dos lugares e objectos arrancados a um sono fantasmagórico, e o gesto do colectivo que revela, re(cria) e (re)constrói uma experiência, uma memória, que possibilita uma nova ordem de significações. Arrancar à ordem do precário, do transitório, da ruína, enfim desse mecanismo do mundo que é o tempo, essa ordem da natureza que é a temporalidade aniquiladora e irreversível, a tentativa de o suspender, de o petrificar no gesto poético.
Esse gesto não é só feito de memórias, é também feito de percas, do esquecimento, da melancolia dessas percas, mas acabado o luto por aquilo que se abandonou, se destruiu, se esqueceu, a invenção de formas novas é uma espécie de canto secreto que adormece e aquieta o mundo. Esse gesto, esse ir à memória como um despertar, como um desejo secreto, o de interromper o curso do mundo e das coisas.
A casa, esse sítio, esse lugar povoado de sombras, é pois um espaço onde habita a memória, a ausência, a história e o tempo.
E é nesse novo inventar, nessa ocorrência metafórica, nessa quase recordação que cada um de nós se sente como um passageiro no exílio.

Espaço Artes Múltiplas, 2005, Porto.



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